STF inicia interrogatório de Bolsonaro e outros sete acusados por tentativa de golpe
O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início nesta segunda-feira (9) aos interrogatórios dos oito réus acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022. Entre os investigados está o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como líder do chamado “núcleo crucial” de uma organização criminosa que teria articulado uma ruptura democrática no país.
A nova fase do processo ocorre após a oitiva de testemunhas de defesa e acusação, realizada durante o mês de maio. Com os interrogatórios em andamento, a ação avança para a etapa final da fase de instrução. Após o encerramento dos depoimentos, as partes poderão solicitar novas diligências, caso julguem necessário. Em seguida, será aberto um prazo de 15 dias para a apresentação das alegações finais.
Os depoimentos ocorrem na Primeira Turma do STF e seguirão até sexta-feira (13). O primeiro a ser ouvido é o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Na sequência, serão interrogados os demais réus, em ordem alfabética: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
De acordo com a PGR, esse grupo compunha o núcleo central da trama golpista e teria sido responsável pelas principais decisões que visavam desestabilizar o regime democrático. Jair Bolsonaro é acusado de liderar a organização, disseminando ataques ao sistema eleitoral, colaborando com a redação de um decreto de teor golpista e pressionando setores das Forças Armadas para aderirem a um possível levante.
A acusação também afirma que o ex-presidente teria influenciado diretamente na elaboração do relatório das Forças Armadas sobre as urnas eletrônicas. Além disso, há indícios de que Bolsonaro tinha conhecimento prévio do chamado plano “Punhal Verde Amarelo”, que supostamente previa ações violentas, incluindo o assassinato de autoridades.
As investigações continuam em curso, enquanto o STF conduz a etapa decisiva do julgamento.